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25.3.04

Perco e tento reencontrar-me nas sujas ruas desta cidade.
Perco-me no vôo tonto das pombas.
Reencontro-me no olhar desvairado do bêbedo.

A velha reencontra um sorriso ao sorrir-me e o velho continua zangado e portanto, perde-se no infinito.
O espelho já não me sorri e por ele, fico triste.
Hoje o vento frio entrou pela minha camisola e arrepiou-me,
amanhã serei eu novamente a arrepiar caminho nos caminhos de mais um dia de existência.

Perco-me, reencontro-me e sinto-me só...

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24.3.04



by Bruno Ramalho

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22.3.04

Muitos dizem que o Tempo está velho,
mas eu sempre soube que existe um Tempo novo.
(...)
Erguem-se casas como montanhas feitas de aço
e multidões movem-se nas cidades,
como esperando alguma coisa.
Nos continentes risonhos ouve-se:
o vasto e aterrorizante maré, realmente,
apenas um minúsculo tanque.
A regulagem do curso do rio,
o enxerto de uma árvore de frutas,
a educação de uma pessoa,
a reforma de um Estado
podem ser exemplos de crítica fecunda.
E também exemplos de arte.

Bertolt Brecht (1898-1956)

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18.3.04


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Um adeus português 

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz de ombros puros e a sombra
de uma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

(...)

Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal.

*

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.

Alexandre O'Neill

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16.3.04

... 

Estou nem aí...
Estou nem ali!

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10.3.04

Declinium 

Sons em trânsito acompanham a debandada dos pássaros à medida que o sol rasga o aglomerado de nuvens e acredita numa flor.
A senhora de negro aproxima-se enquanto cava buracos com os seus enormes pés. O alarme é dado e subitamente os pássaros já não estão sós, nem são os únicos a abandonar a terra amaldiçoada, ainda há pouco tão pura.
Maldita, maldita sejas mulher de negro... Quem te julgas? Quem te comanda? Quem te manda?
Bruxa, velhaca, horrível, fedorenta e má! Sobretudo MÁ!!
Por ti o sol já não rasgará mais nuvens e deixará apodrecer a flor.
Alarga o buraco e morre! MORRE bruxa má!

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Oh...SI!! Clika-me que eu gosto!!1 Como me gusta...

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