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30.1.04

Dérisoires Martyres... 

"No obscuro jardim do manicómio
Os loucos amaldiçoam os homens
as ratazanas afloram ao Esgoto Superior
procurando o beijo dos Dementes.

Um louco tocado pela maldição do céu
canta humilhado a uma esquina
as suas canções falam de anjos e coisas
que custam a vida ao olho humano
a vida apodrece a seus pés como uma rosa
e já perto do túmulo passa por ele uma Princesa.

Os anjos cavalgam o dorso de uma tartaruga
e o destino ds homens é atirar pedras à rosa
Amanhã morrerá outro louco:
do sangue dos seus olhos ninguém senão o túmulo
saberá amanhã nada.

O enfermeiro do hospício conhece o sabor da minha urina
e eu o gosto das suas mão sulcando a minha face
isso prova que o destino das ratazanas
é semelhante ao destino dos homens."

Leopoldo María Panero in "Poemas do Manicómio de Mondragón"



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«Quando deres pela minha presença, já estarei ausente...»Raquel e Aragão


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23.1.04

AVISO: 

A leitura deste blog prejudica gravemente a saúde.


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21.1.04

Grande Gafanhoto!!! 


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17.1.04

diamante... 

Ele solta uma casquinada com o cachimbo entre os dentes:«O que é que queres que eu te diga? que a rã te mordeu a perna?» - «Porque é que tens um diamante na testa?» - «Eu não tenho diamante nenhum na testa, raios te partam, e pára de fazer juízos arbitrários!»

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A Lua tem uma orelha estranha... 

«O que havemos de fazer com as nossas vidas?» - «Oh», diz ele, «não sei, talvez contemplá-las, mais nada» - «Odeias-me? - Ou melhor, gostas de mim?... Bem, como vão as coisas?» - «Os campónios vão bem» - «Álguém te enfeitiçou nestes últimos tempos...?» - «Sim, usando truques com cartolina» - «Truques com cartolina?» pergunto eu - «Sabes como é, eles constroem casas de cartolina e põem pessoas lá dentro, pessoas também feitas de cartolina e o mágico obriga o cadáver a estremecer e eles levam água até à Lua e a Lua tem uma relha estranha, e assim por diante, por isso vai correr tudo bem, meu palerma.»
«Está certo.»


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15.1.04

Coimbra 

(...)

Por estas ruas
ouço Coimbra a morrer em mim
poeta que sou de outra terre
e que estende o olhar possível
essa ave nos arcos
nas pedras
essa água desse rio que me lava
rio que me leva.

(...)

Por estas ruas me perco
e assim será para sempre
para que me faça
à janela que me abre ao sol
ao abraço
dessa mulher que me dá adeus
que me dá adeus.


Álvaro Alves Faria
(in Poemas Portugueses)

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Noite 

A palavra noite nada significa
senão que é a noite essa paisagem distante
em que se debruçam poetas antigos
senão que é a noite
a palavra que nada diz
senão que a noite é só noite
é só noite
é só noite
é só noite
é só noite
essa palavra de alguma poesia
de alguma poesia
de alguma poesia
essa palavra noite que de alguma poesia
se alimenta como se alimentam
os insectos nos jardins
como o poema
o poema
o poema
que se alimenta dessa densa palavra líquida
densa palavra líquida
em que se cala a poesia
em que se cala o poeta.

A palavra noite
nada significa no verso inconcluso do verso
no verso inconcluso do verso
no verso inconcluso
senão que seja a noite esse espanto das ruas
esse espanto das ruas
que seja a noite o que se diz do ausente
o que se diz do ausente
que seja a noite os telhados vermelhos de Lisboa
os telhados vermelhos de Lisboa

senão que seja ela uma mulher
que seja ela o rosto o corte de duas faces
que seja bem aventurada que seja o que possa
essa noite sem significado que se cala
e se estende
neste dia de setembro que termina
sem poema
sem poesia.


Álvaro Alves de Faria
(in Poemas Portugueses)

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14.1.04

O Juízo Final 

"Vivo para o pecado, vivo a morrer dele: a minha vida já não me pertence, ela é do pecado; o meu bem vem-me do céu e o meu mal de mim mesmo por este querer doentio que se apoderou de mim."
Miguel Ângelo

" Mas se, de perto, o meu coração não pode suportar
essa extrema beleza que ofusca os olhos
e se, de longe, ela faz com que perca a paz,
que fazer? Que guia, que escolta mesmo,
poderá suster-me e defender-me de ti
cuja chegada me abrasa e cuja partida me esmaga?"
Miguel Ângelo

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O Carnaval de Arlequim 

"Como é que encontrava todas as minhas ideias para quadros? Pois bem, à noite, já tarde, voltava ao meu atelier na Rue Blomet e deitava-me, às vezes, sem sequer ter jantado.Tinha sensações que anotava no meu caderno. Via aparecer formas no tecto..."
Joan Miró

"A eloquência é o grito de admiração dado por uma criança diante de uma flôr."
Joan Miró


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O Mar II (Jack Kerouac) 

A minha alma vazia e dourada
sobreviverá ao teu peitoril salgado
- as Janelas do meu olho gelatinoso
e da cabeça de peixe podre olham-te,
fendidas, de charuto na boca, com desprezo -
Todavia eu apresso-me a ver-te
- tu apressas-te a comer-me
- Belo a meus olhos
e exausto, é certo -
Arra! Arruu!

(...)

Nenhuma tempestade é tão silenciosa e horrível
como a tempestade interior...

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Bolachinha 

Bolacha bolachinha, tão admiravelmente misteriosa!
Encerras em ti os milagres ancestrais perpetuados pela necessidade de deixar uma marca, nesta existência breve e tumultuosa e breve... essencialmente breve! Ligações entre neurónios tímidos e isolados apenas se conseguem com mais outro gole de whisky, o velho Deus whisky, tantas vezes aclamado, outras tantas vezes banalizado...
E tu, Bolachinha... Tu manténs uma leve ingenuidade e vais existindo!
Até o whisky acabar, e tudo não passar de mais uma viagem tripada, e de mais umas cabeçadas na parede, às voltas tentando alcançar a própria cauda...
Enquanto observo o monte das migalhas, breves... Essencialmente Breves!

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13.1.04

O Mar (Jack Kerouac) 

Mar vetusto e cansativo, não estás farto
até aos olhos desta merda toda?
deste incessante buum buum
e desta costa arenosa - estes velhos
grisalhos e cambaleantes desde aqui até à Terra do Fogo
nunca te entristecem?


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Oh...SI!! Clika-me que eu gosto!!1 Como me gusta...

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