GrandeGafanhoto

2003 - Helena Correia

A raiva do momento explode-me de solidão enquanto a vertigem da janela me castiga com o infinito.
Os círculos da serrpente frágil teimam em cruzar o opaco da venda e transformam-me num marginal preso ao escuro daquela fracção de sombra.

Regressei por fim à vida activa...

Trinta minutos a "fazer o saco" (grande expressão!), duas horas de Inter-Cidades (ao menos isso...), vinte minutos à espera do autocarro quatro, cinquenta e dois degraus até casa, três: "então miúdo, que tal essas férias?" e dois: "Pois realmente engordei uns quilitos... Foram os bolos, sabes!" e finalmente, dez minutos a "desfazer o saco"..

30 - 2 - 20 - 4 - 52 - 3 - 2 - 10

Eis os números mágicos do regresso a Coimbra...

Daqui a quinze dias há mais... Ah Coimbra, Coimbra!!!

"Eu tive no Tibete e tu não Tibete."

de Diamantino Mendes

Saturno, 1820-1823 (óleo sobre tela, Madrid, Museo del Prado)

"Saturno receava que os seus filhos o depusessem e, por isso, devorou-os. Goya omite todas as referências ao antigo mito e mostra apenas um monstro humanóide devorando freneticamente um cadáver."

A estupidez fedorenta de rostos enviesados, daqueles que orgulhosamente desfilam barbaridades camufladas e que, de tão enviesados e fedorentos, provocam náuseas a quem se atreva a enfrentá-los, ou simplesmente tenha o infortúnio de se cruzar com eles em noites escuras e posteriormente fedorentas, só poderá culminar em artifícios equilibristas, que invariavelmente necessitam de uma corda e de um banco, para resultar...
Fodasse...